Com pouco mais de 40% da frota nacional de veículos leves do Brasil, o Estado de São Paulo é a joia da coroa no setor de pagamento eletrônico de pedágios. O mercado paulista, antes dominado exclusivamente pela STP, operadora do sistema Sem Parar, agora se agita com a entrada de novos players, como a Conectcar – parceria entre a construtora Odebrecht e a rede de postos Ipiranga – e o serviço AutoExpresso, da empresa fluminense DBTrans.
Segundo Pedro Donda, presidente do Sem Parar, a entrada de novos concorrentes não assusta e deve estimular o crescimento de um mercado, atraindo novos clientes. “Há um grande potencial. Dos 30 milhões de veículos leves que circulam em rodovias com pedágio em São Paulo, praticamente 26 milhões não possuem tag para pagamento eletrônico”, diz.
Donda observa ainda que a base de clientes do Sem Parar está concentrada no segmento de usuários frequentes. “É um tipo de cliente que gera uma rentabilidade mais alta. Apenas uma pequena parte usa o nosso tag pré-pago”, diz. Os tags do Sem Parar estão em quatro milhões de veículos da frota que circula nas rodovias de São Paulo. A empresa responde por 55% do total de transações e 61% do volume de dinheiro movimentado com o pagamento de pedágio nas rodovias do Estado.
Wagner Muradian, diretor-executivo do AutoExpresso, diz ser possível elevar para mais de 80% a participação das empresas de pedágio eletrônico no mercado paulista nos próximos cinco anos. Ele aposta no modelo pré-pago para atrair novos clientes para o serviço. “O motorista só paga pelo que usar e nosso crédito não tem prazo de vencimento”, diz. O objetivo é conquistar uma base de 500 mil clientes em São Paulo em dois anos.
O AutoExpresso também vê um grande potencial para os pedágios eletrônicos em todo o país. “O Brasil tem 17 mil quilômetros de estradas com pedágios”, diz Muradian. “Só no primeiro semestre, os pedágios movimentaram R$ 6,65 bilhões por ano nas rodovias brasileiras”. Para ele, a padronização nacional da frequência dos tags em 915 MHz, que deve entrar em vigor este ano, vai ajudar a difundir o sistema em outros mercados do país. Em São Paulo, a adoção desse padrão fez o preço unitário do tag cair de R$ 68 para R$ 30, reduzindo a barreira de entrada a novos consumidores.
As empresas também buscam oferecer serviços de valor agregado aos motoristas. “Se o tag valer em shoppings, aeroportos, estacionamentos urbanos, mais clientes ele terá”, diz Muradian.
Recentemente, a Raízen, rede de postos operada pela Shell e Cosan, comprou 10% do Sem Parar por R$ 250 milhões em função das sinergias. Para a Conectcar, a presença da Ipiranga também é estratégica para o negócio, que tem investimentos previstos de R$ 150 milhões em três anos. Segundo João Cumerlato, diretor-superintendente da empresa, a rede de postos permitiu à empresa ter a capilaridade necessária para operar em São Paulo com seu modelo de tag pré-pago. A Conectcar opera em todas as rodovias estaduais concessionadas de São Paulo, além de Pernambuco e Bahia.
A Conectcar também vê potencial no segmento de transporte de carga. Recentemente, a empresa fechou parceria com a Roadcard, especializada em gestão de pagamento eletrônico de frete, para integrar o seu tag de pedágio ao sistema Pamcard. “Cada parada de um caminhão em pedágio representa um gasto de R$ 1,80 só em combustível”, diz Cumerlato. “Em um trajeto entre Ribeirão Preto a Santos seria possível economizar de 30 a 40 minutos de viagem sem parar no pedágio”.
Enquanto disputam um mercado em crescimento, as empresas do setor seguem atentas à experiência do Ponto a Ponto, sistema de cobrança de pedágio implantado pela Artesp em três rodovias paulistas, com a instalação de pórticos fixos, com antenas, que permitem a cobrança fracionada por trecho. “O modelo permite tarifas mais justas e aumenta a base de cobrança. Na Dutra, por exemplo, a maior parte dos veículos que circulam não paga pedágio”, diz Cumerlato. Para Donda, esse sistema é o futuro do negócio.