Líderes de caminhoneiros anunciaram nesta quarta-feira (22) que vão começar uma nova greve a partir da meia-noite.
O anúncio foi feito após uma reunião entre representantes da categoria e integrantes do governo para decidir se haveria uma tabela de frete mínimo, pedido feito pelos caminhoneiros na greve realizada no mês de março.
Após quase dois meses de negociações, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, anunciou que o governo não faria uma tabela de frete mínimo, criando apenas uma tabela referencial. Grandes empresas eram contra a tabela mínima.
Após o anúncio, cerca de 50 representantes da categoria saíram do auditório da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) aos gritos de “O Brasil Vai Parar”. Vários deles já se articulavam com outros líderes por mensagens de textos e redes sociais para iniciar a mobilização da categoria.
Rossetto tentou explicar aos caminhoneiros que o governo considerava que a tabela de frete mínimo, que criaria um valor mínimo para o pagamento do transporte de carga, seria inconstitucional e também não funcionaria.
Para tentar convencer os caminhoneiros a não anunciar o movimento, Rossetto apresentou reivindicações dos caminhoneiros que foram atendidas desde a greve, como a postergação do pagamento de dívidas, ofereceu a tabela referencial e uma “mesa permanente de negociação com os empresários” para melhorar o preço do frete.
Vários caminhoneiros rasgaram a proposta na frente do ministro e deixaram o encontro ao gritos que estavam sendo “pedalados” pelo governo.
“Desde o começo eles estavam avisado que a principal reivindicação é a tabela mínima de frete. Esperávamos mais coerência deles sobre essa impossibilidade. É sempre em benefício de políticos e grandes grupos. A [tabela] referencial não aceitamos de jeito nenhum”, disse Diego Mendes, que é caminhoneiro autônomo na região do Nordeste.
Segundo Mendes, havia até o dia anterior à reunião uma tendência do governo de fazer a tabela mínima por um período e que, se fosse o caso, as empresas entrariam na Justiça para derrubar a medida.
Ao fim da reunião, Rossetto convocou uma entrevista coletiva para tentar explicar a posição do governo. Ele afirmou que o governo estudou muito o assunto e considerou que além de inconstitucional, uma tabela mínima seria impraticável.
“Há uma enorme diferenciação na atividade que torna impraticável uma tabela impositiva”, disse Rossetto.
Segundo ele, o governo está seguro que a tabela referencial cria uma base para melhor distribuir a renda na atividade. Para ele, a maioria dos caminhoneiros reconhece as conquistas alcançadas após a greve e só houve desacordo sobre esse ponto. Perguntado sobre o que seria feito se houvesse greve, o ministro afirmou:
“Acreditamos que as medidas estão sendo compreendidas pelos caminhoneiros. Achamos que haverá um grande, amplo apoio da categoria [ao que o governo fez]. Estamos seguros da aceitação por parte da categoria. Vamos aguardar”, disse Rossetto.
Fonte: Folha de São Paulo